Bebês são capazes de entender o ponto de vista de outra pessoa

janeiro 11, 2011 às 12:59 pm | Publicado em Notícias | Deixe um comentário
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Por Sindya N. Bhanoo, do The New York Times

Bebês de até sete meses conseguem perceber e compreender o ponto de vista de outra pessoa, segundo um novo estudo na revista “Science”. Antigamente considerava-se que essa habilidade, conhecida como “teoria da mente”, só se desenvolvia a partir dos 3 ou 4 anos de idade.

“Crianças mais novas têm dificuldade em acompanhar cenários complicados”, afirmou Ansgar Endress, psicólogo cognitivo do MIT e um dos autores do estudo. Assim, em vez disso, Endress e seus colegas usaram um cenário simples para testar as habilidades perceptivas de bebês e adultos.

Eles exibiram vídeos animados onde uma bola rolava por trás de uma parede e, a cada vez, ou ficava ali, ou rolava para fora do campo de visão, ou rolava para fora do campo de visão e retornava. Na animação também havia um personagem de cartum, mas nem sempre ele testemunhava o destino final da bola.

Os adultos foram capazes de determinar mais rapidamente onde estava a bola quando a opinião do personagem correspondia à verdadeira localização – indicando que os adultos levavam em consideração a perspectiva do personagem. Embora esse monitoramento tenha sido mais difícil nas crianças, os pesquisadores descobriram que os bebês fitavam a tela por mais tempo quando a expectativa do personagem sobre o local da bola não correspondia à realidade.

A partir disso, eles deduziram que os bebês compreenderam o ponto de vista do personagem do vídeo. Segundo ele, a pesquisa pode ajudar os psicólogos a entender melhor o funcionamento de uma sociedade. “Se a pessoa quer trabalhar em conjunto, se quer cooperar, se quer se comunicar – isso só é possível quando se considera a perspectiva do outro”, concluiu ele.

Os três registros e a subjetividade do sujeito

novembro 18, 2010 às 2:41 pm | Publicado em Curso | Deixe um comentário
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Sou eu ou o Outro?

A terceira e última aula sobre Lacan, ministrada pela psicóloga e psicanalista Alice Beatriz Barreto Izique Bastos, se iniciou com uma explicação sobre os três registros postulados pelo autor: imaginário, simbólico e real. No imaginário, segundo a professora, a criança ainda é um desejo da mãe e se encontra em simbiose com ela. Trata-se de um desejo alienado ao desejo do outro. Portanto, ainda não existe um sujeito. Para a constituição dele é preciso que a criança seja objeto do olhar deste outro. Só depois de se diferenciar e se distanciar é que a criança entra no registro simbólico.

Neste segundo registro, ocorre uma relação entre o inconsciente e a linguagem repleta de duplos sentidos e de equívocos. É isso que formará a singularidade e a subjetividade de cada um de nós. Os significantes que formam o sujeito se articulam entre si em uma cadeia. Para finalizar, o último registro é o real que, diferente do nome, não tem nada de palpável. Para Lacan, o real, no sentido estrito da palavra, é algo sem representação, sem formas, um verdadeiro buraco, uma falta que não cessa. É ausência de sentido, o impensável, que não pode ser simbolizado. Para Lacan, somos marcados pelo discurso do outro e a linguagem é uma cadeia simbólica.

Subjetividade do sujeito

Para o psicanalista francês, o sujeito da psicanálise é aquele descentrado, em que a consciência não forma seu centro. Portanto, Lacan acredita que a consciência é uma ilusão e toda certeza é, na verdade, enganosa. Isso vai de encontro com a teoria freudiana. Freud alterou a famosa frase de Descartes. O “penso, logo existo” foi trocado pelo “penso onde não existo”. Essa idéia de Lacan também casa com o pensamento do filosofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), que em seu livro Além do Bem e do Mal (1886) afirma que a consciência engana o filósofo e que uma filosofia de verdade deve sempre duvidar do próprio pensamento.

O ego como mera ilusão de Lacan vai contra a psicologia do ego norte-americana e o racionalismo. O homem, antes centro de seu próprio universo, não controla sequer seus próprios pensamentos. A pergunta que vale para Lacan é sempre: “Sou eu ou o outro?”. A imagem do outro introjetada é a que constitui o sujeito. Portanto, é apenas no inconsciente que temos a referência de nós mesmos, onde se encontra a verdadeira realidade psíquica do homem.  O pensamento, assim, passa a ser ilusório e o sujeito vai muito além do ego, que em grande parte também é inconsciente.

Por isso, para Lacan, o saber da psicanálise não é absoluto, e sim singular e incompleto. O inconsciente é um saber onde não existe um eu, e é estruturado como uma linguagem: o discurso do outro. Essa estrutura de linguagem incide sobre o sujeito à sua completa revelia. Para Lacan, a palavra é a morte da coisa. O que somos, como diria Chico Buarque na letra de “O Que Será”, é aquilo que não tem nome nem nunca terá. O psicanalista, assim, deve deixar de lado seu suposto saber e ter a humildade de perceber que ele e o paciente , em última instância, sofrem do mesmo sintoma: uma busca por uma completude imaginária que nunca poderão alcançar.

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Lacan e o Estádio do Espelho

novembro 11, 2010 às 1:29 pm | Publicado em Notícias | 4 Comentários
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Na noite desta quarta-feira (10/11/2010), em continuidade ao ciclo de aulas sobre Lacan, a psicanalista Alice Beatriz Barreto Izique Bastos explicou o Estádio do Espelho. Segundo ela, essa teoria foi criada entre os anos de 1938 e 1940, quando Lacan concluiu que o olhar do outro é base da constituição do sujeito.  O bebê, portanto, projeta a imagem que o outro deu a ele – normalmente familiares ou pessoas próximas. Para a criação desse princípio, Lacan se subsidiou no médico e psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962), para quem o reconhecimento da imagem da criança já representa a existência de um eu.

Se em Wallon o espelho possui um papel concreto, Lacan prefere seguir por um caminho mais subjetivo. Considera que a imagem especular do bebê tem um caráter ilusório e falso, contornado por desejos e ideais alheios. Mesmo assim, por ainda não conseguir se distinguir do outro, a criança assume a imagem como se fosse sua. O sujeito se torna uma unidade, porém virtual e alienada. Sobre isso, Lacan afirmou: “o corpo despedaçado encontra sua unidade na imagem do outro, que é a sua própria imagem antecipada”. Ocorre, então, uma confusão entre o eu e o outro, um conflito que constituíra uma etapa fundamental para a identificação primordial do sujeito.

O médico e psicólogo Henry Wallon

É exatamente por essa dimensão imaginária, por essa influência do olhar do outro, que a conquista da identidade se processa. É esse momento que define a organização estrutural do sujeito e toda sua subjetividade. A singularidade de cada um se constrói a partir desse olhar do outro, que formata o sujeito e o desloca de uma posição imaginária para uma posição simbólica. Em Lacan, essa passagem de representação de si também passa pela linguagem, decisiva para a concretização identificatória.

Complexo de Édipo

De acordo com Alice, a criança se identifica com o objeto do desejo da mãe, para em seguida perceber que essa mãe possui outro objeto de desejo, que seria o pai. Dessa forma, a criança entra no registro de castração e ocorre uma interdição de seu impulso: uma frustração. A renúncia ao objeto perdido resulta no fim da completude com a mãe. A castração simbólica separa a criança de uma relação dual e imaginária com o outro, tendo acesso ao registro simbólico da linguagem. É exatamente a resolução do Édipo que confere uma singularidade ao sujeito. Ao interiorizar a lei, o sujeito se insere na cultura e na linguagem.

Para ler sobre a primeira aula de Alice sobre Lacan CLIQUE AQUI

Para saber um pouco mais sobre Wallon CLIQUE AQUI

 

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